sábado, 21 de julho de 2007

Neste romance são-nos apresentados pedaços da vida do protagonista (sem nome) cujo funeral inicia a narrativa.
Uma reflexão sobre a vida e a morte, a doença, a velhice, as relações familiares, a solidão, as escolhas que se fazem e as suas consequências.
Um livro perturbador que irei reler, certamente, com menor distanciamento daqui por vinte ou trinta anos
.


“Já quando tinha vinte anos, quando se achava uma pessoa normal, e por aí fora até entrar na casa dos cinquenta, sempre tinha tido das mulheres toda a atenção que quisesse; desde que entrou na escola de arte, nunca mais parou. Até parecia que não estava fadado para mais nada. Mas depois aconteceu uma coisa imprevista e imprevisível: tinha vivido perto de três quartos de século, e o estilo de vida activo e produtivo tinha desaparecido. Já não tinha a postura viril do homem produtivo nem era capaz de germinar os prazeres masculinos, e tentava não sentir demasiado a falta deles.(…) Mas agora parecia que, tal como qualquer outro velho, estava num processo de redução crescente e ia ter de se arrastar até ao fim dos seus dias vãos exactamente como era e nada mais – os dias vãos e as noites incertas e a aceitação impotente da deterioração física e a tristeza terminal e a espera interminável por coisa nenhuma. É assim que são as coisas, pensou, é isto que tu não tinhas maneira de saber.” (pp. 159-160)

Philip Roth, Todo-o-Mundo