sábado, 3 de dezembro de 2005

Das caixas e outras manias


Quase poderia dizer que colecciono caixas caixinhas e projectos de caixotes. Mas não gosto de colecções. Não sei qual é a razão mas fico nervosa só de pensar na palavra… Enerva-me pensar num acumular de objectos idênticos com pequenas diferenças entre si e que se acumulam, se sobrepõem, se comparam, se exibem, se guardam para quê? Para quem? Para quando? Mas se gostasse de colecções coleccionaria caixas. Tenho várias. Muito pequenas, apenas pequenas, médias e (quase) grandes. Em todas guardo qualquer coisa. Cada uma delas tem um significado especial. Vão desde as caixas compradas por mim numa qualquer feira de artesanato até à caixa feita manualmente por alguém especial, passando por algumas oferecidas por uma tia que descobriu que eu gostava de caixas e resolveu dessa forma uma das dúvidas que a atormentava todos os anos na época natalícia. Nelas guardo de tudo, hábito que me dá bastante jeito pois sempre que preciso de algo de que desconheço o paradeiro, e que tem dimensão para caber numa caixa, é por elas que começo a procurar. E nesse “tudo” incluo lápis e canetas, botões, postais, fotos, contas pagas ou para pagar, bijutaria, pilhas, chaves, pacotes de açúcar, disquetes e cds, rebuçados, bilhetes de transportes públicos usados ou não, e neste último caso acabo por encontrá-los quando terminam a validade, caixas de medicamentos, listas de compras, bilhetinhos com números de telefone ou moradas e várias outras coisas… Abro-as sempre à espera de um mundo que se me revela, despertam-me recordações. São muito mais do que um mero objecto decorativo com alguma beleza. Têm conteúdo. E, na maior parte das vezes, um conteúdo que me surpreende… Haverá algum outro objecto com uma característica tão humana?