sábado, 29 de dezembro de 2007


Balanços e Balancetes


Diz o povo que “de médico e de louco todos temos um pouco”. Acrescento eu que de professor, juiz, primeiro-ministro, treinador de futebol e outras tantas profissões também. Basta ver a forma escorreita, e com autoridade, como opinamos sobre assuntos que pertencem a áreas específicas.
Quando se aproxima o fim do ano revela-se o competente contabilista que existe em cada um de nós. Não há jornal, revista ou canal televisivo que não apresente o seu balanço através de um “especial 2007”, “2007 em revisão” ou… confesso que não tenho estado muito atenta à nomenclatura.
Em conversas informais com familiares e amigos surge, também, o balanço de cada um. Além de não lhe encontrar qualquer utilidade, este hábito tem o condão de me irritar.
Também eu já tive a vocação de contabilista. Tinha 14 ou 15 anos quando conheci os balanços e balancetes e desenvolvi por eles uma paixão intempestiva. Dediquei-me ao seu estudo com extraordinário afinco e interesse, surpreendendo o professor de contabilidade que, sem dúvida, vivia da contabilidade mas não para ela.
Encontrava-me, ainda, em estado de fervorosa paixão quando fiz os testes de orientação profissional que me encaminharam para a área contabilística.
Desrespeitei as indicações. A contabilista que vivia em mim desvaneceu e não voltei a fazer um balanço de espécie alguma.