domingo, 23 de setembro de 2007



Da memória...

A memória fascina-me. Ou para ser mais precisa, sinto um fascínio pela forma como usamos a memória… ou ela nos usa.
Intriga-me a forma como, inconscientemente, seleccionamos o que recordamos e a forma como o mesmo acontecimento ou momento é armazenado de forma diferente por cada um de nós; as memórias que construímos e assumimos como nossas e que se baseiam no que nos relatam, que chegam até nós ou que imaginamos.
É comum duas ou mais pessoas conversarem sobre a mesma situação recordando aspectos diferentes que se nuns casos se completam noutros colidem parecendo situações distintas.
Ainda não consegui decidir como classificar a minha memória.
Sou tantas vezes incapaz de recordar com clareza o enredo de um filme ou um livro, uma anedota, adivinha ou lengalenga, um nome ou um rosto, um local que visitei ou onde guardei um documento importante. Por outro lado, recordo datas, detalhes, expressões, cheiros, palavras ou diálogos completos com extrema precisão e nitidez.
Julgo que este “fenómeno” não será um exclusivo meu e exactamente por isso olho para a Memória como algo com personalidade própria e que me merece todo o respeito e admiração.
Sei que me seria mais proveitosa uma memória inteligente que guardasse as recordações/informações que me podem ser úteis e deitasse fora as que apenas ocupam lugar sem me trazer benefícios. Mas também sei que a maior parte de mim assenta sobretudo sobre estas segundas.