sábado, 7 de julho de 2007

La part de l'autre



Uma (in)decisão, um (des)encontro, uma (des)ilusão. É o suficiente para mudar o rumo de uma vida. Ou do mundo.

Foi nesta constatação que Eric-Emmanuel Schimtt pegou para escrever La part de l'autre.

Nesta obra, o escritor narra duas histórias de vida: a de A. Hitler e a de Adolf H.. O primeiro é o ditador Hitler, e o seu papel na história do séc. XX; o segundo é o hipotético pintor Adolf H., se o primeiro não tivesse sido rejeitado pela Escola de Belas Artes de Viena.

As duas histórias são narradas intercaladamente e, a pouco e pouco, as diferenças entre um e outro vão-se acentuando.

De certa forma, este livro parte do pressuposto, muito defendido por alguns, de que não se nasce definitivamente bom ou mau carácter. Todos temos um lado sombrio que pode manter-se inactivo ou, pelo contrário, impor-se. As frustações da vida, e a forma como se lida com elas, podem levar à definição de objectivos pouco éticos e à necessidade de obter prazer e a admiração dos outros através do espezinhamento de terceiros.

"- Qu’est-ce qu’un homme ? reprit le père. Un homme est fait de choix et de circonstances. Personne n’a de pouvoir sur les circonstances, mais chacun en a sur ses choix.
Il veut comprendre, comprendre que le monstre n'est pas un être différent de lui, hors de l'humanité, mais un être comme lui qui prend des décisions différentes. Depuis ce jour, l'enfant a peur de lui-même, il sait qu'il cohabite avec une bête violente et sanguinaire, il souhaite la tenir toute sa vie dans sa cage", p. 473
Eric-Emmanuel Schmitt - La part de l'autre