sábado, 21 de janeiro de 2006

na vida como num filme

Por vezes imagino a minha vida como um filme que está a ser rodado e exibido em tempo real.
Nesse filme há um narrador omnisciente que conhece e dá a conhecer todas as situações, sem omitir qualquer pormenor. Conhece-me perfeitamente e também a todas as personagens que comigo contracenam. Conhece os nossos defeitos e qualidades, os nossos vícios, sonhos, medos e ambições. Sabe quais são os nossos sentimentos e pensamentos mais secretos. Muitas vezes, compreende aquilo que não entendemos ou que recusamos entender.
Quem assiste ao filme sabe quem são os bons e os maus, os hipócritas e os sinceros, quais as razões que nos movem, onde estão a mentira e a verdade. Sabe quando temos ou não razão, quando somos injustos, quando magoamos ou quando nos arrependemos desnecessariamente. Vê os nossos desencontros, as oportunidades que desperdiçamos, torce por nós e por vezes sussurra-nos, inutilmente, que caminho devemos seguir.
De tempos em tempos, acontece-me querer sair da tela e sentar-me por alguns minutos no meio do público anónimo. Assistir ao filme, apoderar-me do conhecimento que me falta e depois correr para dentro do ecrã e ocupar o meu lugar para que o filme tenha um final feliz.