“A saudade é uma tatuagem na alma: só nos livramos dela perdendo um pedaço de nós.” (Mia Couto, O outro pé da sereia)
Porque daqui por alguns anos a existência dos blogs fará parte da tradição… Palavras secretas numa janela aberta… contraditoriamente.
“A saudade é uma tatuagem na alma: só nos livramos dela perdendo um pedaço de nós.” (Mia Couto, O outro pé da sereia)

Convencionou-se que “velhos são os trapos” e as pessoas de idade avançada não são velhas mas sim idosas.
Corrigiram-me, algumas vezes, e entendi que podia chamar velho ao armário ou a um brinquedo mas não ao tio-avô ou ao vizinho. Pareceu-me, por isso, sempre natural que se diga que faleceu, desapareceu ou se comemora o aniversário de um idoso de 98 anos e não de um velho da mesma idade.
Nos últimos tempos (leia-se anos) tenho ouvido ou lido muitas vozes dissonantes que consideram que usar o termo “idoso” é uma condescendência envergonhada de uma sociedade que maltrata os seus velhos. Estes usam “velho” como oposição a novo - o que me parece coerente - mas também como oposição a criança, adolescente ou adulto e a insistência em nunca usar “idoso” parece-me tão cruel, e ao mesmo tempo cheia de remorsos, como o desprezo com que o fazem os que procuram as palavras doces e politicamente correctas.
Vincent van Gogh. Old Man in Sorrow
Cada-um-é-como-cada-qual-e-temos-de-entender-e-respeitar-as-personalidades-dos-outros-porque-nós-não-somos-perfeitos-nem-devemos-fazer-julgamentos-injustos-e-etecetera-e-tal.
Depois de anos a ouvir estas lengalengas bem intencionadas até acredito que se devem pôr em prática. Por vezes, até penso que consegui desenvolver alguma tolerância em relação aos tais “outros”. Mas só por vezes! É que para entender alguns preciso de recargas de tolerância! Suspeito que se vendam por aí algures, em algum supermercado, pois só assim é possível que haja quem sorria e rejubile quando solicitado a colaborar nas decisões e organização da vida alheia, mas ainda não as descobri nas prateleiras dos supermercados junto dos chás e ervinhas milagrosas.
Não consigo entender as pessoas que teriam capacidade para serem autónomas mas que gostam de mostrar que precisam dos outros (muitas vezes menos habilitados para opinar) em tudo o que fazem ou pensam poder vir a fazer: uma opinião sobre vestuário, uma boleia, uma receita culinária, um conselho sentimental, estacionar o carro, preparar um medicamento, decidir o jantar, costurar um fato de Carnaval, a educação dos filhos, decisão de voto, hora de levantar, cumprimento de rituais religiosos, canal de tv a assistir, marcação de consulta, a prenda a oferecer à prima que mais ninguém conhece, compra de medicamentos na farmácia, redacção de convocatórias e actas ou um simples postal de aniversário… a lista seria interminável… E isto tudo pedido a quem conduz por necessidade, não tem filhos e nunca preparou um medicamento para crianças, na cozinha e na costura situa-se pouco acima do medíocre, não gosta de dar palpite na vida alheia e principalmente não gosta que se metam na sua vida ou a chateiem com aquilo que não lhe diz respeito!


O Ministério da Educação propôs que os trabalhos de casa sejam realizados na escola e os pais e encarregados de educação aplaudiram. Todos alegam razões muito nobres:
Não, não sou fanática por futebol. Aliás, o futebol não me interessa minimamente e o único que sei em relação a este desporto é que se pretende marcar golos na baliza do adversário. No entanto, não entendo que esta razão seja suficiente para andarem 22 homens a correr entusiasticamente atrás da mesma bola. Para ser franca, nem acho correcto que só haja uma bola para todos. Penso sempre para comigo que seria muito mais justo e agradável, para jogadores e público, se houvesse 22 bolas em campo. Cada jogador teria a sua, o que significa que cada um deles jogaria muito mais e teria mais possibilidades de se exibir, justificando desta forma os chorudos ordenados que auferem e a multidão de fãs que mobilizam. Desta forma não seria um desporto de equipa??? Pois é! Distracções de uma individualista assumida…