quarta-feira, 25 de abril de 2007



25/04/74

Quando se assinala a comemoração do 25 de Abril sinto sempre que me falta alguma coisa. Quase me sinto envergonhada porque dessa época privada de liberdade apenas tenho o conhecimento que me foi transmitido pelos mais velhos ou pelo que ao longo dos anos li e procurei saber. Esse é, também, o conhecimento que tenho relativamente a outras datas marcantes da nossa história mas no caso específico da Revolução dos cravos tem outra dimensão. Grande parte das pessoas que conheço e conheci tem algo a dizer - os mais velhos apontam as diferenças entre o “antigamente” e o “agora” ou têm histórias e situações para relatar, os que se seguem têm recordações do dia 25 de Abril de 74 ou dos dias que se seguiram: estavam na escola ou a brincar, ouviram comentários dos mais velhos, notaram alguma agitação… E eu… bem, eu estava na barriga da minha mãe, aguardando serenamente que outros lutassem para que eu nascesse em liberdade. Durante alguns anos era essa a resposta que dava, a sorrir, quando a mediática questão do Baptista Bastos guiava as conversas. Sorria mas sentia-me vazia e pertencente a uma geração sem história, pobre em ideais e de parcas ideias.